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sábado, 2 de julho de 2016

O Que é Evangelização



No sentido lexical do termo evangelização é o ato, efeito, ou movimento de evangelizar, de pregar a palavra do Evangelho, sendo posteriormente entendido como a divulgação de qualquer sistema de ideia. Ainda seguindo o mesmo dicionário pode-se dizer que o Evangelismo consiste na divulgação de qualquer doutrina religiosa baseada no Evangelho, ou na elaboração de um sistema moral e político que tem naquele a sua base. A pregação e a propagação do Evangelho em si são a essência do Evangelismo.

Destas definições compreende-se que evangelizar é pregar o Evangelho, perdoem-me pela redundância. a discussão se dá em torno da seguinte questão: qual o papel da ação social nesta? Com exceção da TMI (Teologia da Missão Integral), pouquíssimas propostas de evangelização trazem em seu bojo um projeto de melhoria social. É como se a salvação de almas fosse equivalente a uma garantia de vaga no céu, quando na verdade o Evangelho reclama o homem por completo. Neste estudo buscarei base bíblica e exegética para o que até o momento foi afirmado.

CONSIDERAÇÕES TEXTUAIS
Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram. Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse (Mc 16. 6, 7 ARCF). 
Uma consideração inicial  é a de que a base por excelência da ação evangelística é a encarnação, vida, morte e ressurreição de Cristo. Sem Jesus encarnado, humanizado, tentado, morto e ressurreto não há Evangelho de fato. A encarnação e vida de Cristo diz concernente à presença de Deus entre os homens. Afinal, o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade (Jo 1. 14 ARCF), e: Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou (Jo 1. 18 ARCF). Todos os evangelistas justificam a ressurreição de Cristo nesta base.
E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando (Mc 16. 9, 10 ARCF). 
A qualidade essencial do Evangelista é o encontro com Jesus, e as marcas resultantes do mesmo. Em Maria as marcas foram a libertação. Somente quem experimenta libertação tem poder de anunciar Cristo para quem está triste. Neste contexto απηγγειλεν (apaggelein) vem απηγγέλλω (apaggeloo), cujo sentido é o de levar e trazer informação, uma mensagem, notícias. A notícia neste contexto tem a ver com a ressurreição de Cristo. Ela não é endereçada a todos, mas aos tristes. 


Não é a primeira vez que se associa o Evangelho (boa notícia) com os tristes. O próprio Jesus disse: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor (Lc 4. 18, 19 ARCF). Pobres, tristes, quebrantados de coração, este é o público destinatário do Evangelho. 

E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. E depois manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo. E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram (Mc 16. 11, 12 ARCF). 
Nem sempre o Evangelho atrai a credibilidade, e não é para menos afinal a ressurreição era uma doutrina incrível, na acepção do termo. Os judeus a condicionavam à restauração de todas as coisas. E a ressurreição de Jesus tem como diferencial dos demais casos de ressurreição, o fato de ter como propósito uma nova vida. Em seguida texto faz menção indireta a um evento cujo relato encontra-se no Evangelho de Lucas sobre o encontro com Cristo no caminho de Emaús, e de como Cristo os convenceu pelas Escrituras de que seus sofrimentos, morte e ressurreição eram necessários. A base do Evangelho é a própria Escritura, e em certo sentido evangelizar é compartilhar a mesma com quem não a conhece.
Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado  (Mc 16. 14 - 16 ARCF). 
Tal como a missão, A evangelização pressupõe uma experiência íntima com Deus e com Cristo. Nesta a incredulidade natural é lançada em rosto. Em outras palavras Deus trata as várias facetas do ceticismo natural. Somente após o homem é enviado. O que quero falar aqui é que enquanto o homem é escravo de sua autocentricidade, de sua arrogância, ansiedade e desejos por prazer ele não possui a percepção e a sensibilidade necessárias ao pregador do Evangelho. O coração do evangelista é totalmente tomada pela realidade da cruz e da ressurreição.

O verbo que aparece aqui é κηρύσσω (keryssoo), cujo sentido é o de apregoar, proclamar em voz alta. Usualmente este era empregado para designar a função do arauto. Este era um mensageiro que saía até as praças públicas para anunciar as decisões judiciais. O Evangelho possui este caráter por ter uma mensagem de apelo ao arrependimento. Do judeu, por ter matado e crucificado a Cristo, do pagão por ter se entregue à idolatria e ao culto dos prazeres sensuais. 

A fé é a resposta exigida pelo Evangelho a fim de que o homem possa ser salvo. A pregação é acompanhada de uma série de sinais. 
E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porãoas mãos sobre os enfermos, e os curarão (Mc 16. 17, 18 ARCF).
A expressão σημεια (seemeia) indica um sinal pelo qual Deus torna seu poder conhecido. O Evangelho é poder de Deus. Não é sem razão que Paulo afirma: não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego (Rm 1. 16 ARCF). Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus (I Co 1. 18 ARCF). 

Por último, os sinais são Deus cooperando com os seus santos no intuito de confirmar a mensagem. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém (Mc 16. 19, 20 ARCF). 

EVANGELIZAÇÃO E AÇÃO SOCIAL

Não é nova a discussão a respeito do papel da ação social na Evangelização, menos ainda da predominância de uma sobre a outra. Para Jonh Stott a evangelização tem a ver com o anúncio da boa notícia, podendo ser acompanhada de ação social enquanto sinal de libertação da autocentricidade humana. Sim a ação social é mais um sinal de que a salvação chegou na vida da pessoa do que da missão em si. Em consonância com o texto acima Stott afirma categoricamente:
Aboa nova é Jesus. E a boa nova que anunciamos a respeito de Jesus é que ele morreu pelos nossos pecados e foi ressuscitado da morte. Em consequência, ele reina como Senhor e Salvador a destra de Deus e tem autoridade tanto para ordenar o arrependimento e a fé quanto para conceder o perdão de pecados e o dom do Espírito Santo a todos aqueles que se arrependerem, crerem e forem batizados. E tudo isto, de acordo com as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento. E mais: isso é exatamente o que significa "proclamar o Reino de Deus". Pois, em cumprimento às Escrituras, o Reino de Deus penetrou na vida dos homens por meio da morte e ressurreição de Jesus. Este reino ou domínio de Deus é exercido a partir do trono por Jesus, que concede a salvação e requer obediência. Essas são as benção e exigência do Reino (STOTT, Jonh. A Missão Cristã no Mundo Moderno). 
A afirmação de Stott aqui é a de que Jesus é a totalidade do Evangelho, que por sua vez diz a respeito de Cristo e tão somente deste. 
Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas escrituras, Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor  (Rm 1. 1 - 4 ARCF).
São recorrentes em todo o querigma primitivo a abordagem a respeito da morte, ressurreição e exaltação de Cristo.  Esta é a base da Evangelização. Tudo o mais é tão somente detalhe. A grande questão é deixar o evangeliquês de lado e pregar a Cristo encarnado.  O lugar da ação social é o de sinal da libertação do eu. Ação social aqui não é assistencialismo apenas, mas uma tomada de ações visando a correção dos fatores que produzem e aprofundam as injustiças sociais. 

CONCLUSÃO

Evangelizar é pregar o Evangelho, que por sua vez é a boa nova de Salvação em Cristo, que traz a promessa de perdão, salvação e reconciliação entre o homem e Deus, e por outro a exigência de arrependimento e obediência radical. Em Cristo, Marcelo Medeiros. 
 


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