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quarta-feira, 24 de junho de 2015

O Jesus à Gregório Duvivier



Comercial "polêmico" da boticário, campanha de boicote (ao meu ver um tiro no pé da militância evangélica [aqui]), parada gay com paródia da cruz [aqui], reações dos evangélicos[aqui], artigo esclarecedor de Augustus Nicodemus Lopes [aqui], reações ao artigo de Nicodemus, agressões à pequena Kailane, comentários genéricos de Boechat, resposta de Silas Malafaia, Ofensas de Boechat, adesão da opinião pública ao gesto do jornalista da Band [aqui]. Assim foi a semana e as últimas postagens deste blog tem focado a dinâmica dos assuntos. 

Após a sugestão indelicada de Boechat para Silas Malafaia, este virou alvo de piadas nas redes sociais. A última uma carta de Jesus para ele em que Gregório Duvivier aponta as inconsistências entre a vida de Jesus, supostamente pregado pelo líder da ADVEC,  e a vida deste líder em apreço. Esta é a grande sacada do artigo, mas para por aí. Sim. Na medida em que se avança na leitura do texto [aqui e aqui], se percebe um Jesus fabricado. 

Na canção Nada Melhor de autoria de Ralph Charmichel já se percebe que a despeito de um único Jesus que tenha existido ele possui a sua versão filosófica, poética, comunista e até mesmo hipie. contudo sem a percepção de Cristo como filho de Deus a leitura de Jesus se torna reducionista como no caso da versão apresentada por Gregório Duvivier. 

A iniciativa de criar um Cristo não é nova. Vários "jesuses" históricos foram criados, e quando Albert Shweitizer apontou as inconsistências e declarou que a única forma de se conhecer Jesus era por meio de seu Espírito, entrou em moda um novo tipo de "jesus", o Cristo da fé de Bulltmann. Mas o Jesus histórico ganha força novamente em sua versão latino-americana na obra Jesus Cristo libertador de Leonardo Boff. Creio que o Jesus de Gregório Duvivier se inspira nesta matiz teológica. 

Mas o Jesus da Bíblia além de abraçar leproso, os curou e cobrou a gratidão dos que não voltaram. Não era alguém que odiava gratuitamente os ricos. Como conhecedor da natureza humana, ele sabia da dependência que o homem tinha e tem da segurança proporcionada por recursos. Daí que Cristo tenha se sentido livre para receber recusos das mulheres ricas em seu ministério, e ao mesmo tempo livre para dizer que as riquezas deveriam ser usadas para o bem estar alheio. 

Deste modo, Cristo foi inteiramente livre para se convidar a entrar na casa de Zaqueu (um rico), e anunciar a salvação a este, que no seu entendimento era mais um dos perdidos que ele veio buscar. A pobreza da qual Cristo é amante não tem nada a ver com o ideal franciscano, nem com o marxista. Jesus ama os que sabem que dependem unica e exclusivamente de Deus. 

Desconfio que se Cristo tivesse sido contemporâneo de Marx, Bakunin e cia, ele não teria comprado a ideologia nem de direita, nem de esquerda. Leia mais atentamente os Evangelhos e veja que Jesus não se associa nem aos zelotas (os revolucionários da época), nem aos da situação, no caso, os herodianos. 

Quando o suposto zelote Judas Iscariotes, propõe a Jesus que o perfume derramado por Maria fosse revertido para os pobres, ele disse os pobres sempre os tende convosco. Mas de forma alguma Jesus impediu a Zaqueu de dar metade dos seus bens aos pobres. Pelo contrário, ele reconheceu nesta liberalidade um sinal de salvação. Mas este mesmo Jesus não titubeou em chamar Herodes de raposa velha. 

A respeito dos ladrões, já falei aqui. Creio que eles fossem revolucionários. Mas o perdão foi concedido exclusivamente ao que reconheceu a inocência do filho de Deus e suplicou que este se lembrasse dele em seu reino. Ali o recado está dado a situação de opressão, por si só não salva a ninguém. É necessário reconhecer o Cristo na figura de Jesus. 

Por último, haverá um dia em que Cristo voltará mesmo, não como oprimido, ou como pessoa em situação de opressão, mas com poder e glória para julgar os que não exerceram misericórdia para com os pequeninos dele, e mais creio como cristão é com o reinado dele que a situação de opressão será realmente superada. Afinal Cristo viveu esta situação ainda em vida. Seu nascimento e morte são pontuais. 

Se creio que o mal possa ser vencido, o creio por causa da ressurreição, não por causa de ideologias falidas que nada podem contra a natureza humana. É isto que me faz permanecer firme no Evangelho a despeito daqueles que dizendo-se seus defensores são na verdade seus maiores inimigos, e tem o seu ventre como o seu deus. Paulo já cantou a pedra dizendo que o fim deles é a perdição. 

Marcelo Medeiros, em Cristo, não o do Gregório Duvivier, nem o de significativa parte da liderança evangélica, mas o da Bíblia mesmo. 

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