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quarta-feira, 2 de julho de 2014

Pascal e a Copa


Acabo de ler um breve artigo de autoria do Reverendo Antonio Carlos Costa, que além de Pastor Presbiteriano é presidente de um ONG que tem por nome Rio de Paz. No post o referido ministro do Evangelho é apresentado como amante do futebol botafoguense, coisa que também o sou. Na postagem em apreço o autor cita um dos pensamentos de Pascal, que transcrevo abaixo: 
Nós buscamos repouso por meio de combater certos obstáculos e, uma vez que esses obstáculos tenham sido superados, descobrimos que o descanso é insuportável pelo tédio que isso gera. Decidimos nos livrar do descanso e, assim, saímos a esmo implorando por novas excitações. Não conseguimos imaginar uma condição que seja prazerosa sem que tenha diversão e barulho. Assumimos que qualquer condição na qual podemos desfrutar algum tipo de distração é suportável. Porém, pense que tipo de felicidade é essa que consiste meramente em sermos distraídos, evitando pensar em nós mesmos (aqui).
Conheço, um pouco e admiro por demais a filosofia de Pascal, e sei que na visão deste os divertimentos são perigosos, pois nos afastam de pensar em nossa miséria. Assim, o pensamentos pascalino é uma das mais fortes armas (ao lado da Bíblia, é claro), contra a tendência atual de líderes religiosos da atualidade possuem de substituir o Evangelho e o confronto que o mesmo proporciona, por entretenimento, tornando o culto cristão centrado nos homens, ao invés de o ser em Deus. 

Mas e quanto à Copa do Mundo? Enquanto houver fôlego e nervos de minha parte vou torcendo, mas confesso que o alerta de Pascal tem de ser considerado. Todavia, este mesmo apelo tem de ser feito com relação a tudo o mais, ou seja, 
no jogo, e na investigação da verdade. Gostamos de ver nas polêmicas, o combate das opiniões, mas não gostamos, de modo algum, de contemplar a verdade encontrada. Para Fazê-la observar com prazer, é preciso mostrá-la nascendo na polêmica. Assim também nas paixões, há prazer em ver dois contrários em choque [...] nunca buscamos as coisas, mas a investigação das coisas (pensamento 135). 
Segundo Pascal, o homem não erra em buscar a diversão com intuito de amenizar a dor de sua miséria existencial, ele equivoca-se, isto sim, em ver que aquele referido divertimento, ou aquela querela, uma guinada histórica e política em nossa nação, ou mesmo a conquista da copa, pudessem produzir uma felicidade suprema, uma real satisfação. 

O filósofo prossegue afirmando que somente Deus é o verdadeiro bem, e que caso homem abandone a Deus é inviável que o espaço deixado por este seja suprido por qualquer coisa que seja. alguns procuram este bem na autoridade, outros na ciência, outros na volúpia. Creio que nossa geração seja mais inclinada a este tipo de recurso, e justamente por este motivo vive a ilusão de que viver, na vida real, o romance cinquenta tons de cinza seja o ápice da vida. A ênfase da mídia em torno da beleza feminina na copa é a prova de que mesmo no esporte, e acima de tudo neste, o apelo sexual se faz presente. 

Não há nada de errado em torcer pelo Brasil, o leitor pode ficar sossegado. Também não há erro em admirar a beleza das mexicanas, chilenas, uruguaias, brasileiras, etc... (desde que a admiração não ceda espaço à concupiscência). O problema real é acreditar que somente isto pode realizar o homem existencialmente, e que Deus não precisa ser buscado. 

Em Cristo, Marcelo Medeiros

Um comentário:

  1. Sou brasileira com ascendência espanhola e como tal, portadora do vírus do amor ao futebol. No entanto, fujo do estereótipo de torcedora inveterada e estou como milhares, achando que este momento "de anestesia" esconde desatinos governamentais que incidirão muito em breve sobre nós. Infelizmente.

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