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segunda-feira, 21 de julho de 2014

O Arminiano e a Doutrina da Segurança da Salvação



Não, não me proponho a discutir a doutrina da segurança da salvação neste brevíssimo post. O que pretendo é tão somente apresentar minha percepção quando ao debate. Ao longo de anos dedicados à causa do ensino das Escrituras tenho percebido um vício hermenêutico grave por parte dos cristãos ditos arminianos, que ao meu ver são semi pelagianos. Mas em que consiste este vício? Simples, toda vez em que um cristão recorre a algum texto que fale da segurança da salvação, automaticamente ele vem, ou com Ez 18, ou com o 33. É isto que pretendo ver brevemente com o leitor.

Minha tese é simples, em nenhum dos textos existe uma base sólida para se afirmar que o crente perca a salvação, ou que esta seja um vai-e-vem como os arminianos semi pelagianos pretendem afirmar. Qual é a base para esta afirmação? O conceito de justiça apresentado por Paulo, e por Ezequiel, vou começar por este

Sendo, pois, o homem justo, e praticando juízo e justiça, Não comendo sobre os montes, nem levantando os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na sua separação,
Não oprimindo a ninguém, tornando ao devedor o seu penhor, não roubando, dando o seu pão ao faminto, e cobrindo ao nu com roupa, Não dando o seu dinheiro à usura, e não recebendo demais, desviando a sua mão da injustiça, e fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem; Andando nos meus estatutos, e guardando os meus juízos, e procedendo segundo a verdade, o tal justo certamente viverá, diz o Senhor DEUS (Ez 18. 5 - 9 ACF). 
O leitor percebeu que o conceito de justiça aqui está ligado ao cumprimento de determinadas regras? Confesso que mesmo que este texto fosse padrão para a conduta cristã, boa parte da cristandade estaria perdida, visto que a sociedade atual é cada vez mais individualista e poucos são os que repartem o pão com o faminto, e fazem verdadeiro juízo entre homem e homem. Se você tem dúvida quanto a isto, pergunte a si mesmo qual foi a última vez que ao ouvir um comentário a respeito de uma pessoa, você foi a ela para conferir se aquilo era verdade, ou não?

A justiça defendida por Ezequiel está ligada ao cumprimento de determinadas normas, e foi corrompida justamente pelos que lhe deram expressão máxima, os fariseus. A única diferença, é que a misericórdia foi negada por estes, mas os aspectos cerimoniais foram mantidos. A justiça da salvação é diametralmente diferente do visto no texto em epígrafe. Veja: 
Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.
Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado (Rm 4. 2 - 8 ACF). 
Homem algum pode se gloriar do seu desempenho legal, moral e religioso diante de Deus. Qualquer pensamento em contrário colocaria, hipoteticamente falando, é claro, Deus na posição de devedor do homem, quando a verdade é justamente o inverso. A justiça de Deus para a salvação é um presente, uma dádiva, um dom, que é creditado ao homem quando este crê no conteúdo revelacional que lhe é apresentado. 

Os exemplos de justiça pela fé, nada tem a ver com a moralidade evangélica brasileira. Abraão, quase foi cafetão da própria mulher. Não se preocupe em defender o Pai na fé, ele já foi justificado por Deus! E Davi, ah Davi! Um promíscuo de marca maior, e se você acha que ele foi um santo é porque nunca tentou se colocar no lugar de Hurias. 

Há uma máxima do direito que diz: contra fatos não há argumentos, e neste post ambos foram apresentados. Meu julgamento é que não há homem justo, sobre a terra, que faça o bem e nunca peque (Ec 7. 20), e se o pecado macula a justiça e implica em perda da salvação, todos estão perdidos e ninguém está salvo. Mas se a base da salvação é de fato a graça, e se a justiça é imputada pela fé, então não cabe o mérito humano, nem na obtenção, nem na manutenção da salvação. O progresso da salvação é assunto para outro post e prometo voltar. 

Forte abraço, em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

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