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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Julgar a si mesmo, antes de julgar aos outros


Não se deve esquecer a seguinte regra: o inconsciente de uma pessoa se projeta sobre outra pessoa, isto é, aquilo que alguém não vê em si mesmo, passa a censurar no outro. Este princípio tem uma validade geral tão impressionante que seria bom se todos, antes de criticar os outros, se sentassem e ponderassem cuidadosamente se a carapuça que querem enfiar na cabeça do outro não é aquela que se ajusta perfeitamente a eles. Carl Jung (aqui)
Para mim este é um assunto mais do que batido. A Bíblia em hipótese alguma proíbe o julgamento. Não, de forma alguma! Afinal, Jesus mesmo disse: Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos (Jo 7. 24 NVI). Assim, quando Jesus disse: não julgueis, ele não estava proibindo o juízo em si, mas o juízo temerário, aquele em que, via de regra, o problema pessoal é ignorado e apenas o do outro é visto (Mt 7. 3, 4). Paulo aprofundou ainda mais a questão quando disse: Portanto, você, que julga, os outros é indesculpável; pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas (Rm 2. 1 NVI). O apostolo não poderia ter sido mais feliz em sua síntese do ensino de Cristo, visto que este é o sentido básico dos versos deste texto.
Na medida em que se segue na leitura do texto em que Jesus condena o juízo temerário, é possível a percepção de que o juízo criterioso é mais do que necessário para que se faça a distinção entre os que podem, ou não ouvir as verdades que temos para falar (Mt 7. 6), entre falsos e verdadeiros profetas (Mt 7. 14 - 20).

Aqui cabe a lembrança de que o verbo julgar em grego e em português possuem a mesma peculiaridade. O verbo grego κρινεω (kryneoo) também pode ser traduzido como ponderação (At 4. 19; I Co 10. 15; 11. 13). O problema com relação ao juízo e à critica consiste no fato de que quanto menos percebemos nossas limitações, mais tendemos a ser severos em nosso julgamento, e neste aspecto sou forçado a considerar o autor da frase, caso seja mesmo Jung, um iluminado em face da percepção.

Na Bíblia o exame pessoal é frequentemente estimulado, uma vez que Paulo disse: Examine-se o homem a si mesmo (I Co 11. 28a NVI), e Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si mesmos. Não percebem que Cristo Jesus está em vocês? A não ser que tenham sido reprovados! (II Co 13. 5 NVI). O problema é que nosso coração frequentemente nos engana (Jr 17. 9, 10) e neste caso temos de orar ao Senhor como Davi o fez dizendo: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno (Sl 139. 23, 24 NVI).

Que Deus renove em nós o senso de nossa pecaminosidade, de nossa dependência da graça, a fim de que usemos da misericórdia exigida, para com os que, como nós, precisam da misericórdia. Antes de Cristo dizer não julgueis, ele ensinou aos seus discípulos a orarem: perdoa as nossas dívidas, assim como temos perdoados aos nossos devedores. E ele mesmo encerra dizendo: Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas (Mt 6. 14, 15 NVI). 
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros

Um comentário:

  1. Se de fato o examine-se o homem a si mesmo fosse cumprido seria mais fácil divergir julgamentos

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