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terça-feira, 19 de março de 2013

VIDA DE CRENTE NA POLÍTICA NÃO É VIDA DE PROFETA NA CORTE

Neste breve artigo pretendo expor à luz da Bíblia minhas considerações a respeito dos últimos acontecimentos políticos em nosso país, dentre os quais: a Eleição do deputado Marco Feliciano para a comissão de direitos humanos da Câmara Federal, os sucessivos levantes de deputados contrários à eleição do mesmo, a ênfase midiática ao tema, e o papel nada ético da mída neste embate. Para tal convido o leitor a uma leitura do exegética de um pequeno texto do Evangelho de Mateus. Os textos em sua maioria serão citados a fim de facilitar aos leitor. Passemos à reflexão bíblica.

O Evangelho de Mateus registra o chamado dos discípulos de Cristo e seu prepara para uma missão. Nesta ocasião, ele mesmo advertiu aos seus discípulos a respeito do ambiente hostil que encontrariam no mundo, e o fez nas seguintes palavras: os estou enviando como ovelhas entre lobos (Mt 10. 16a NVI). No mesmo texto Jesus adverte a respeito do comportamento que os mesmos deveriam ter, e lhes diz: sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas (Mt 10. 16b NVI). Com estas palavras Jesus está dizendo: a) que a nossa identidade é a de ovelha, b) que estamos em terreno hostil (no meio dos lobos), c) que neste espaço hostil nossa vida tem de ser regida pela prudência e pela simplicidade. Nossa identidade, a reação do mundo à nossa pessoa e o comportamento que devemos ter para que possamos sobreviver são temas recorrentes na pregação de Jesus e vão marcar o ensino apostólico.

Ao falar de nossa identidade nos Evangelhos Jesus sempre fez questão de dizer que ela é marcada por uma diferença entre nós e o mundo. Deste modo o Evangelho nos identifica como sal e luz do mundo (Mt 5.13 - 16), como uma comunidade marcada pelo serviço humilde ao próximo (Mt 20. 26 - 28) e como ovelhas (Mt 10. 16). Neste ponto Jesus este seguindo a tradição bíblica que identifica o povo de Deus como rebanho espiritual. O salmista exclama: Reconheçam que ele é o nosso Deus. Ele nos fez e somos dele: somos o seu povo, e rebanho do seu pastoreio (Sl 100. 3 NVI). Em outro momento os salmistas afirmam: Cheguem à tua presença os gemidos dos prisioneiros. Pela força do teu braço preserva os condenados à morte. Retribui sete vezes mais aos nossos vizinhos as afrontas com que te insultaram, Senhor! Então nós, o teu povo, as ovelhas das tuas pastagens, para sempre te louvaremos; de geração em geração cantaremos os teus louvores (Sl 79.11 - 13 NVI). Somos ovelhas e como tais estamos sob os cuidados de nosso pastor que é Cristo.

Mas o ambiente mundano é hostil. Aqui temos outra verdade falada por Cristo. Ele disse que seus discípulos seriam expulsos da sinagoga e que quem os matasse julgaria estar prestando um serviço a Deus (Jo 16. 1, 2), que eles seriam traídos pelos seus próprios familiares (Mt 10. 21), de forma que citanto o profeta Miquéias, Jesus afirmou: os inimigos do homem serão os da sua própria família (Mt 10. 36 NVI). Ainda a respeito da reação do mundo à nossa pessoa necessário se faz antentar para o que Jesus disse aos seus discípulos e indiretamente se aplica ao tempo presente. Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês (Jo 15. 18 - 20 NVI). Aqui, necessário se faz atentar para o fato que a simples relação com Cristo traz para a vida do crente uma antipatia do atual sistema, não se trata de algo pessoal, mas de algo sistemático, de uma controvérsia entre luz e trevas.

Diante de tais constatações, o que nos resta é refletir a respeito do nosso comportamento na condição de ovelhas em ambiente de lobos. Jesus recomendou aos seus discípulos que fossem simples e prudentes. A primeira está ligada á despretensão, desafetação, modéstia. O termo grego ακεραιοι (akeraioi), indica pureza, ou a falta de malícia, de intenção secreta ou dissimulada. Tal postura é mais do que necessária no embate entre o cristão e o mundo. Daí Paulo recomendar: Façam tudo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo (Fp 2.14, 15 NVI).

Com relação á prudência, esta é definida em nossos dicionários como: virtude que nos faz prever e evitar as faltas e os perigos e que nos leva a conhecer e praticar o que nos convém. Cautela, precaução. O cuidado para não transgredir engloba o uso da língua e no nosso caso das redes sociais, visto que Jesus advertiu aos seus discípulos: como guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa (Jo 15.20 ARCF). Ou seja, neste ambiente adverso até as nossas palavras podem vir a ser usadas como armas contra nós. Daí a necessidade de prudência, ou φρονιμοι (phronimoi). Que lições práticas podemos tirar destas reflexão bíblica?

Todos sabemos que o deputado federal Marco Feliciano foi eleito para a comissão de direito humanos na Câmara Federal. A eleição do mesmo trouxe um clima ruim fora e dentro do cenário gospel. Não faltou crentes a se manifestarem nas redes sociais a respeito das posições teológicas e do comportamento do mesmo, etc.... Mas o que aconteceu com o mesmo é um caso de reflexão para nós. Primeiro, a respeito do jogo sujo da política. Enquanto um monte de crente se preocupa em criticá-lo, José Genuíno, Paulo Maluf e João Paulo Cunha assumem a comissão de constiuição e justiça e ninguém da imprensa dá o mesmo peso midiático a tal incoerência. Aqui falta o que conhecemos como φρονιμοι, tanto dos que criticam Feliciano quando da parte do mesmo. Sim, o deputado acabou sendo jogueta nas mãos do governo para que o foco fosse colocado sobre ele e tal como ovelha para o matadouro, ele foi conduzido, e vários crentes estão achando que a eleição do mesmo é uma vitória, visto que a tão ambicionada comissão veio para as mãos do partido social cristão (PSC).

Uma outra questão que exige de nós o necessário discernimento é a postura do Governo em relação à "partilha" de "comissões" entre os partidos que formam a base do governo. Este é um outro ponto que ninguém questiona, nem Feliciano. Somente Silas Malafaia ressaltou o fato em seu programa Fala Malafaia. Maquiavel em seu O Príncipe apontou os rumos que a política deveria tomar nos séculos vindouros e o fato é que ele emplacou. Diante do Maquiavelismo associado ao cinismo e a corrupção política reinante em nosso meio o crente precisa ao menos entender que se ele tiver a chance de se eleger (algo que a constituição permite), ele tem de saber que ele é uma ovelha em meio á lobos, e que para andar ali terá de ter φρονιμοι, prudência para discernir o momento de agir como serpente, ou como pomba, e manter a identidade de ovelha. VIDA DE CRENTE NA POLÍTICA NÃO É VIDA DE PROFETA NA CORTE.
Pr Marcelo Medeiros, em Cristo.

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